A vitória
da diluição, dos clichês e da ausência de qualidade musical de Lucas e Orelha
no Superstar, diante da flagrante superioridade musical da Scalene, é mais uma
prova do que já sabemos. A predominância da lavagem cerebral da indústria
musical com seu poderoso investimento em estilos vazios que reciclam
velhos formatos plenos de redundância em detrimento da inovação, da música que
enriquece o status cultural, a música que, além de divertir, fala à alma, a música
que pode ser um fator de mudança na vida de quem ouve, aquela música que você
ouve e reflete sobre o que ouviu.
Versalle e
Scalene foram dignas nas suas escolhas. Na primeira rodada tocaram canções
lentas com cordas, uma apelação no bom sentido porque se sabe da aceitação
maior de baladas. Mesmo assim, não apelaram para clichês sentimentalóides. A
Versalle caiu de pé na segunda rodada, uma banda que deixa o Superstar muito
diferente de quando começou. Sob a pressão da disputa, ela queimou etapas no
seu amadurecimento e volta para colher na estrada o reconhecimento merecido do
público nacional que os acompanhou e certamente vai segui-los a partir de
agora.
Dois
Africanos saíram na primeira rodada, lamento
porque fazem uma mistura rica de diversas
tendências da música negra num trabalho que tem forte lastro cultural, mas o
público preferiu o que está cansado de conhecer, mais do mesmo com Lucas e
Orelha, os neo Claudinho e Buchecha.
Vai
acontecer com a Scalene o que aconteceu ano
passado com o Suricato. Ficou em segundo lugar e hoje, um ano depois, é
consagrado com casas cheias pelo Brasil inteiro porque, felizmente, há um público grande avesso à lavagem cerebral do
mainstream e pronto a prestigiar a música de qualidade. A Scalene entra para a
primeira linha do Rock Brasil para dar uma contribuição consistente para o
público, entra na trincheira de combate contra o esquema de emburrecimento
cultural do povo brasileiro.
Nesta mesma
trincheira estão muitos outros artistas que não são do rock, embora tenham uma
interface com ele, como Lenine, Zélia Duncan, Zeca Baleiro, Alice Caymmi, são
os nomes que me ocorrem agora. Sem falar nos que militam no rock, seja da
Geração 80, 90 ou 00 com trabalhos que contribuem para o enriquecimento da
cultura brasileira.
A luta continua, a qualidade há de prevalever. Como diz Evandro Mesquita, enquanto tiver bambu, tem flecha.
A final do
Superstar. Todos com músicas autorais.
Primeira
rodada:
Scalene –
Música: Nunca Apague a Luz – 60 pontos.
Lucas e
Orelha – Dependente – 57
Versalle –
Marte – 56
Dois
Africanos – Todos Humanos – 54 Eliminados
Segunda
rodada:
Lucas e
Orelha – Por Que – 59 pontos– venceu Scalene nos decimais
Scalene –
Legado – 59
Versalle –
Tão Simples – 53 – Eliminada
Rodada
Final
Lucas e
Orelha – Menina Nerd – 64 pontos – Vencedora do Superstar, leva R$500 mil e
contrato com a Som Livre.
Scalene –
Segundo lugar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário