Assisti nesta noite de terça no UCI do Norte Shopping a exibição única de Roger Waters – The Wall. Como esperava, um som de merda, curioso que antes passam um filmeco demonstração do sistema Dolby com um puta som, mas o filme não tem volume, nem presença, nem baixo. Perdi quando aqui esteve em março de 2012 porque estava recolhido para reparos, então me valeu a pena pelo visual, algo nunca visto num show de rock, a não ser em turnês do próprio Pink Floyd.
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Roger no Cemitério Militar de Anzio, o ator que representa seu pai não aparece no filme - cena deletada |
Depois do The End aparecem Nick Mason (bateria) e Roger Waters para responder perguntas de fãs enviadas pela internet. Aí há uma hilária e fina troca de farpas. A uma pergunta se havia algum arrependimento do que fizera no Pink Floyd, Roger Waters foi firme em dizer que não. Nick franziu o rosto, perguntou de novo e, diante da reiteração do outro, soltou um “deixa pra lá.” Waters fez muita merda na banda, era autoritário e despediu o tecladista fundador Rick Wright. Mais adiante Roger sacaneou Nick, dizendo que ele não era músico, só baterista. E quando Roger disse que a maioria das canções começava com improvisos dele e de Nick, este mandou um significativo “não é assim que me lembro.” Claro que não, Roger trazia tudo pronto.
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O rock star convertido em líder fascista |
Roger Waters fez The Wall para exorcizar a perda do pai, o tenente Eric Fletcher Waters, na região de Anzio, Itália em 18 de fevereiro de 1944, quando ele tinha cinco meses. O concerto é entremeado por cenas de uma peregrinação, com netos e bisnetos, ao cemitério militar de Anzio onde está a sepultura simbólica dele, porque o corpo nunca foi encontrado. O tenente Fletcher foi considerado MIA – Missing In Action – Desaparecido em Ação – o que alimentou a esperança de que estivesse vivo. No filme, Roger lê a carta de um militar que viu o pai ser morto, o que encerrou o caso.
No começo do filme ele toca num trompete no cemitério a introdução de In The Flesh, a abertura da ópera, com um corte para o mega espetáculo, mostrado na íntegra nas diversas etapas. Nunca vi projeções tão perfeitas e gigantescas no muro de mais de 100 metros, gradualmente finalizado por roadies com blocos brancos de isopor até fechar completamente no final da primeira parte com Good Bye Cruel World.
Tenho uma identificação muito grande com The Wall, nada relacionado à perda prematura do pai porque tive o meu até os 21 anos de idade, mas pelo conceito do muro que o personagem Pink Floyd constrói à sua volta. Um internauta pergunta à dupla se eles derrubaram os muros em suas vidas particulares. Respondem que alguns, mas nem todos. É por aí. Todos temos nossos muros e somos apenas tijolos de outros muros maiores, como diz um verso.
Não vou me alongar sobre a história, nem sou crítico de cinema para saber ler de forma técnica o filme. Foram duas horas e 50 minutos que não me cansaram, não sei se porque conheço a história de cor, tenho livro a respeito, revejo de vez em quando o grande filme de Alan Parker. Deixo links de dois posts que fiz no meu antigo blog, Jam Sessions. O primeiro conta toda a história em detalhes, o segundo é a ficha técnica da turnê. No primeiro, o filme a que me refiro é o de Alan Parker.
Conheça em detalhes a história de The Wall
A ficha técnica da turnê The Wall
Conheça em detalhes a história de The Wall
A ficha técnica da turnê The Wall