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Paulo Miklos, último show com a banda, sábado no Circo Voador - Fotos cedidas por Nem Queiroz |
Lamento a saída de Paulo Miklos dos Titãs, meu vocalista
favorito de sua geração. Muito cedo para entoar o réquiem da banda, agora em
trio com Branco Mello, Sergio Britto e Tony Belotto. Beto Lee fica no lugar de
Paulo como guitarrista, mas abriu um buraco nos vocais. Paulo Miklos é meu vocalista
favorito de sua geração, ele tem punch, alcance e atitude. Sergio Britto segura
a onda, mas Branco Mello é limitado para canções mais agressivas, não vejo músicas como como Bichos Escrotos, Vossa
Excelência, Diversão e outras renderem na voz dele.
Assim que saiu o anúncio, muita gente no Facebook se apressou
em decretar a morte da banda. Vai com calma. Lembrei logo do Barão Vermelho,
que se recompôs com apenas dois fundadores, Roberto Frejat e Guto Goffi. Beto
Lee é um reforço nas guitarras, Tony Belotto é limitado e Miklos não fazia
grandes coisas na guitarra, neste aspecto melhora. O problema é o buraco nas
vozes, deviam incorporar um vocalista, alguém novo com garra e atitude, através
de testes, para recompor a linha de frente.
O último disco de estúdio, Nheengatu, mostrou força e
criatividade. Vi vários shows recentes, ainda com o Paulo, e não vi nenhuma
perda de vitalidade. Não faltam urubus para atacar a Geração 80 do Rock Brasil,
não admitem que possam estar há mais de 30 anos na estrada com relevância. Os
shows destas andas lotem no Brasil inteiro com plateias em boa parte jovens.
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Paulo Miklos e Tony Belotto |
Acompanho os Titãs desde o começo no Rio. Vi o primeiro show
deles, no Noites Cariocas, com umas 100 pessoas, os oito no palco com um visual
pesado, coturnos, calças pretas, blusas brancas com ilustrações de insetos, dei
força eles na minha coluna Jam Sessions, no Jornal do Brasil. Tive entreveros
com eles na época de Titanomaquia, e nunca deixei de escrever sobre eles.
Tiveram momentos difíceis com a saída de bons compositores como Arnaldo Antunes,
um diferencial no palco, Nando Reis e a morte de Marcelo Frommer. Agora
enfrentam um novo desafio, desejo boa sorte. Acho muito escroto difamações de uma
banda com um currículo tão relevante por gente que nunca fez porra nenhuma pela
música e pelo país como eles, que tem uma participação importante no rock e
na política, com canções que convidam à reflexão.