Roberta e Rodrigo - Fotos de Cleber Junior |
Roberta Dittz |
A máquina motora da banda é a baterista Ruth Rosa, que merece o troféu João Barone pela execução precisa, certeira e furiosa das canções. Ela bate pesado na caixa, vira muito, suas levadas estão sempre mais no prato de condução do que no ximbau, gosta de esporro. E tem cara de menina, cheguei até a perguntar sua idade – 25 anos – porque a achei muito nova para tocar bem daquele jeito. Seu kit Tama toma uma surra no show e cheguei a pensar noutro grande baterista, Kadu Menezes, que tem um estilo parecido (Não estou usando seu santo nome em vão Kadu, juro).
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Ruth Rosa |
Ayama Prado e Rachel Araújo nas alfaias |
A produção foi caprichada. Um telão com projeções em cor e p&b, cortinas brancas, o palco limpo, sem amplificadores, o que reforça a estética do show, com a bateria no meio. E o som impecável, como quase sempre no Imperator.
A banda tocou a íntegra do álbum Valente, uma obra que demorou três anos para ficar pronta. Fala Roberta: “Começamos a gravar em janeiro de 2014 com Nuvem Negra. Depois em Outubro de 2014 gravamos 5 faixas, que virariam o EP Valente. Em outubro de 2015, decidimos que Valente viraria um disco e gravamos mais 6 faixas. Não fizemos crowdfunding. Todos os nosso cachês ainda são revertidos completamente pras despesas da banda.”
Roberta e Simone Mazzer |
O falecido mestre da Mangueira certamente não entenderia nada, mas sua fina poesia recebeu uma roupagem pesada, mas respeitosa, em nada distorceu a bela mensagem. Já Zé Ramalho é do ramo, creio que adoraria seu hino político pela banda com o reforço das alfaias de Ayama Prado e Rachel Araújo, que também brilharam em A Fúria, a ponte entre as duas canções foi feita pelo acorde de introdução de Da Lama ao Caos, da Nação Zumbi.
Sam Shankara |
O Canto Cego faz parte do coletivo A Cena Vive, uma união de bandas de rock cariocas que batalham por todos os espaços possíveis. É uma geração muito solidária, por isso Roberta em certo momento começou a falar de músicos presentes de outras bandas e foram perto de 20 nomes. O desafio destas bandas é vencer o bloqueio do mainstream, ocupado por música de baixa qualidade.
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Magrão |
No show de ontem algumas músicas seriam hits se os canais estivessem abertos. Roberta recita textos poéticos de sua autoria, ao disco ela dedicou um texto fresquinho que tinha como motto Voa Valente, Voa. Que não só ela e esta nova geração de bandas voem alto e furem o bloqueio, porque tem muita coisa boa pra mostrar.
SETLIST
1. Intro
2. Contra-canto
3. Poesia "Valente"
4. Maestrina
5. Nuvem Negra
6. Sublime
7. O Dono da Ordem - Pparceria Roberta Dittz e Marcelo Yuka
8. Parque das Imagens
9. Novo Canto
10. Imaginário - com Simone Mazzer
11. As Rosas Não Falam - Cartola - com Simone Mazzer
12. Vão - com solo de cítara de Sam Shankara
13. Mundo Voraz
14. Gigante
15. Admirável Gado Novo - de Zé Ramalho - com alfaias - Ayama Prado e Rachel Araújo
16. A Fúria - com alfaias
17. Zé do Caroço – de Leci Brandão
18. Eu não sei dizer – de Marcelo Yuka
BIS
19. Retorno
20. Corre Louco
FICHA TÉCNICA:
Bruno Carvalho e Leandro Cortez - Som
Celso Rocha - Iluminação
Miguel Bandeira, Marco Ribeiro e Flavio Monteiro - Projeção Visual
Roadies - Flavinho e Milton Rock
Wanderley Gomes - Cenário
Gustavo Genton - Produção
Paulo Lopez - Diretor de Produção
Essa banda está definitivamente renovando o rock brasileiro.
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